Quero deixar aqui registrada a minha indignação do acontecido no Rio de Janeiro, capital , nesta última semana. Devido à falta de verbas para construção de novo prédio público, foi destituído de nosso patrimônio cultural o Teatro Opinião, que em sua prévia existência simbolizava parte significativa da luta de nossa classe artística pela democracia na época da ditadura militar. A decisão foi tomada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro em virtude da implantação de uma quinta vara do Juizado de Pequenas Causas na cidade.
Esta triste notícia chegou ao meu conhecimento através do jornal "Folha de São Paulo" de ontem(Domingo - dia 09/04/2006), na última folha do caderno "Ilustrada", onde escreve Ferreira Gullar, que neste texto conta suas aventuras juntamente aos artistas que foram à luta em nobre causa: a liberdade de expressão que gozamos agora.
Não existe justificativa para o fechamento de um teatro e mais ainda o Opinião, que fez de seu palco um palanque para a resistência de crédulos brasileiros como no show homônimo, lançado em disco pela Phillips (e atualmente relançado em CD) no ano de 1965, nas vozes de Nara Leão, Zé Keti e João do Vale, entre outros manifestos que por vezes levaram seus idealizadores à falência, por causa da resistência apresentada pela nossa antiga censura.
Neste ato de nefasto poder de fogo para o povo, cala-se mais uma vez, de forma velada e autoritária, a voz daqueles que um dia a tiveram e também suprime a de muitos que poderiam tê-la, remetendo-nos à época que muitos de nós nem vivemos, mas facilmente identificada diante de posturas como esta, em uma breve e coerente analogia.
Hoje, os responsáveis por este iminente sufocamento agem com a mesma discrição dos mais talentosos subsversivos que nos representaram em tempos passados, porém com muito mais discricionariedade. Com notada eficácia.
Mas quem se atreve a censurar o corporativismo político dos Três Poderes? O Ministério Público?
Conta outra...